A vacina é a melhor estratégia disponível para a prevenção da gripe e suas consequências, proporcionando impacto indireto na diminuição do absenteísmo no trabalho e dos gastos com medicamentos para tratamento de infecções secundárias, das internações hospitalares e da mortalidade evitável.

Anualmente, em período interpandêmico da Influenza – segundo a OMS, as epidemias anuais, resulta em 1 bilhão de casos de Influenza no mundo, resultando em torno de 3 a 5 milhões de casos graves e aproximadamente 250.000 a 500.000 mortes.

Todo ano, no Brasil, ocorre uma epidemia de gripe sazonal, geralmente entre abril e outubro, sobretudo nos estados onde as condições climáticas são mais definidas. Vale lembrar, que a umidade relativa do ar (quantidade de vapor de água na atmosfera) desempenha um papel importante na transmissão do vírus da Influenza (menor umidade relativa e clima mais seco, maior transmissão do vírus).

Segundo o CDC/EUA, não é possível prever o comportamento da gripe a cada ano no que tange ao momento em que ela se dissemina, em relação à gravidade e a duração da estação, que pode variar de um ano para o outro, mesmo dentro de regiões de um mesmo país. O impacto das epidemias de Influenza é reflexo da interação entre a variação antigênica viral, o nível de proteção da população para as cepas circulantes e o grau de virulência dos vírus.

Há 3 tipos de vírus da Influenza, chamados de Influenza A Influenza B e Influenza C já detectados na espécie humana. O vírus da Influenza D foi detectado no gado e em suínos. Influenza A e B estão associados com a Influenza sazonal e com muitos surtos e epidemias. Influenza C é relativamente rara e usualmente não causa surtos ou epidemias. A Influenza A pode infectar humanos, bem como pássaros, porcos e outros animais. Influenza B e C são patógenos humanos.

A classificação em subtipos da Influenza tipo A é baseada nas características de duas glicoproteínas da cápsula viral: Hemaglutinina (HA) e a Neuraminidase (NA). Atualmente, são conhecidos 18 subtipos de HA e 11 subtipos de NA. Historicamente, três subtipos de HA (H1, H2 e H3) adquiriram a habilidade de serem transmitidos eficientemente entre humanos.

Entretanto, outros subtipos, como H5, H6, H7 e H9, ocasionalmente, acometem humanos e são considerados possíveis ameaças para uma futura pandemia. A combinação entre a HA e NA é que dá o nome do subtipo (H1N1, H1N2 e assim sucessivamente). A influenza do tipo B é dividido em duas linhagens: Victoria e Yamagata.

Os vírus da Influenza são os únicos entre os vírus respiratórios com imensa capacidade de mutação, criando novos vírus com material genético diferente do que lhe deu a origem.

Pequenas mutações antigênicas (drift) geram novos sorotipos (cepas) em relação a uma temporada sazonal para a outra e pode resultar em epidemia devido a essa nova cepa. Essas pequenas mutações ocorrem em ciclos aproximadamente anuais. Por isso, as epidemias de gripe ocorrem anualmente e se faz necessário uma nova composição da vacinação anual, pois os anticorpos formados contra as cepas anteriores podem não responder adequadamente contra as cepas novas do vírus.

Em relação às mutações antigênicas maiores (shift) há trocas de moléculas na Hemaglutinina (HA) e a Neuraminidase (NA) e ocorre somente com o vírus Influenza A. Esse fenômeno ocorre em menor frequência e, em aproximadamente, 40 anos. Quando ocorre esse novo subtipo, a chance de uma pandemia é grande, em virtude de não termos ainda imunidade.

Em 2009, um novo vírus da Influenza A (novo subtipo H1N1), originado no México, se espalhou rapidamente pelo mundo. Ficou conhecido o vírus Influenza pandêmico H1N1 2009.

Neste artigo vamos esclarecer as principais duvidas relacionadas à vacina da gripe H1N1, para mais informações acesse outros artigos relacionados no nosso blog.

  1. O que é influenza?

Influenza ou gripe é uma infecção viral aguda do trato respiratório, comunitária, com distribuição global e elevada transmissibilidade.

  1. Quais os vírus que causam influenza?

O agente etiológico da gripe é o Myxovirus influenzae, também denominado vírus Influenza.

  1. Quais são os reservatórios dos vírus influenza A, B e C?

Os vírus da Influenza A estão presentes na natureza em diversas espécies, incluindo humanos, aves, suínos, cavalos, focas e baleias. Os vírus Influenza B e C têm como reservatório somente seres humanos.

  1. Como ocorre a transmissão?

A transmissão ocorre por contato direto (pessoa-pessoa) ou através de superfícies ou objetos contaminados (indireta). A transmissão direta ocorre através de gotículas de aerossol (> 5 micras de diâmetro) expelidas durante o ato de espirrar, tossir ou falar de indivíduo infectado. A pessoa com Influenza pode transmitir o vírus a outras pessoas até aproximadamente a 1 metro e meio de distância. Essa disseminação ocorre mais facilmente em ambientes fechados, sobretudo no inverno, quando as pessoas ficam por mais tempo juntas.

Transmissão indireta – uma pessoa pode adquirir Influenza ao tocar com as mãos, uma superfície ou um objeto contaminado com o vírus da Influenza e em seguida tocar os olhos, boca ou nariz. Estudos têm demonstrado que o vírus da Influenza pode sobreviver por 24 a 48 horas em superfícies como mesas de cafeterias, livros, superfícies rígidas, teclado de computador, maçanetas e mesas de escritório. Lavar as mãos com frequência ajuda você a reduzir as chances de se contaminar a partir desses objetos e superfícies.

  1. Quais as medidas podem reduzir a transmissão da influenza?

Vacinar anualmente!

– Boas práticas de Higiene: Higienização das mãos com água e sabão ou usar álcool-gel a 70%.

– Evitar manipular lenços ou objetos usados por uma pessoa doente.

– Utilizar lenço descartável ao espirrar, tossir ou falar e jogar o lenço no lixo após o uso.

– Pessoas doentes devem permanecer em casa, evitando ir ao trabalho ou à escola.

Se não tiver lenços de papel, use o cotovelo ao tossir ou espirrar e, em seguida, lave as mãos.

Caso seja necessário ir a uma Unidade de Saúde, comunique que está gripado e solicite uma máscara cirúrgica para evitar a transmissão para outras pessoas.

  1. Qual a diferença entre síndrome gripal e síndrome respiratória aguda grave?

Síndrome gripal: Na ausência de outro diagnóstico específico, considerar o paciente com febre, de início súbito, mesmo ainda que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia.

SRAG – individuo de qualquer idade, com internação hospitalar, por doença respiratória aguda grave caracterizada por febre, tosse e dispneia, acompanhada ou não dos seguintes sintomas: aumento da frequência respiratória de acordo com a idade, hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente; em crianças, além dos itens acima, observar também: batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência.

A dificuldade para respirar pode ser um sinal importante para a doença, assim como a presença de hipoxemia, desidratação, sonolência e a persistência da febre por mais de 72h.

  1. Há alguma diferença entre gripe sazona (gripe comum) e a gripe causada pelo H1N1?

Não. Os quadros clínicos são os mesmos. Entretanto, a infecção grave com a necessidade de internação ou com complicações fatais é significantemente maior nas infecções causadas pela Influenza A (H1N1) que nas causadas pela Influenza B.

As situações reconhecidamente de risco para o desenvolvimento de formas graves e de óbito da Influenza gripe H1N1 são: gestação, idade menor do que 2 anos ou maior que 60 anos e presença de comorbidades, como doença pulmonar crônica, cardiopatias (insuficiência cardíaca crônica), doença metabólica crônica (obesidade mórbida, diabetes), imunodeficiências, insuficiência renal crônica, entre outras.

  1. Quais as complicações mais frequentes da influenza?

Pneumonia bacterianas secundárias, pneumonia viral primária, miosite, miocardite, pericardite, síndrome de Guillain-Barré, encefalite e mielite transversa.

  1. Como fazer o diagnóstico laboratorial?

De forma geral, a amostra preferencial para o diagnóstico laboratorial é a secreção da nasofaringe, colhido de preferência nos primeiros três dias do aparecimento dos sinais e sintomas.

  1. Quem deve tomar a vacina?

Todas as pessoas deveriam se vacinar, exceto crianças abaixo 06 meses. Não existe nenhuma contraindicação a pessoas saudáveis, fora do grupo de risco, fazer uso da vacina. Todas as crianças abaixo de nove anos de idade, que estejam tomando a vacina para Influenza pela primeira vez, devem receber duas doses com um mês de intervalo.

  1. Quem é considerado grupo de risco para receber a vacinação oferecida pelo SUS?

Crianças Crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, puérperas, trabalhador de saúde, povos indígenas, indivíduos com 60 anos ou mais de idade, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas, população privada de liberdade, funcionários do sistema prisional, pessoas portadoras de doenças crônicas, pacientes imunossuprimidos ou que estejam fazendo uso de medicações imunodepressoras. Crianças e adolescentes dos 6 meses aos 18 anos que estejam recebendo terapia prolongada com aspirina e, portanto, estejam sob risco de desenvolver Síndrome de Reye, após adquirir a Influenza. Neste ano o Ministério da Saúde ampliara a vacinação para os professores.

  1. Por que deve se tomar a vacina da influenza anualmente?

O vírus Influenza induz altas taxas de mutação durante a fase de replicação, em especial, da hemaglutinina e neuraminidase, as duas glicoproteínas de superfície do vírus. Estas mutações ocorrem de forma independente e provocam, habitualmente, o aparecimento de novas variantes para as quais a população ainda não apresenta imunidade, já que a infecção prévia por determinada cepa confere pouca ou nenhuma proteção contra os vírus de surgimento mais recente. O efeito da vacina garante apenas um período de 6 a 10 meses de imunização, fazendo-se necessária a vacinação anualmente.

A rede de vigilância epidemiológica da gripe coordenada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é realizada em vários países. As cepas de vírus Influenza coletadas nos vários países, inclusive no Brasil, são classificadas e catalogadas de acordo com os critérios estabelecidos pela OMS. Após essa análise, se determina a composição das cepas do vírus Influenza A e B a serem incluídas na composição da vacina que será disponibilizada no ano seguinte.

Por exemplo: a cepa A/Sydney/5/97 (H3N2) é uma variante do tipo A, de origem humana, isolada na cidade de Sydney em 1997, com antígenos de superfície H3 e N2.

O H1N1 não apresentou mutação relevante do ponto de vista antigênico desde 2010, o que fez com que a vacina continuasse sendo eficaz contra a Influenza A causada pelo subtipo H1N1. Entretanto, pela primeira vez desde 2010, a vacina trará uma nova cepa do vírus Influenza A/H1N1 para o ano de 2017, isso porque foi constatado que o vírus sofreu alterações genéticas no último ano. De 2016 para 2017, a única mudança da composição da vacina contra gripe será a cepa do vírus Influenza A (H1N1), os demais permanecerão iguais, pois não ocorreram mutações nessas linhagens.

  1. Quais as vacinas para influenza estão disponíveis no Brasil? Quais as diferenças entre elas?

Existem dois tipos de vacina: a trivalente e a quadrivalente. Uma dose de vacina trivalente cobre os dois subtipos do vírus influenza A — o H1N1 Michigan e o H3N2 Hong Kong — e um subtipo da influenza B, o Brisbane. A vacina tetravalente oferece ainda proteção para um segundo subtipo da influenza B, o Phuket. Ambas imunizam o H1N1 (vírus influenza do tipo A).

  1. Há risco de uma pessoa tomar vacina da influenza e adquirir gripe?

Não. A vacina é composta apenas por vírus inativado.

  1. Quais são os efeitos colaterais da vacina para influenza?

Aplicada por injeção, a vacina pode causar desconforto no local da aplicação e um mal-estar leve e passageiro (no máximo 24 horas após a aplicação), como se fosse o início de um resfriado.

As vacinas contra a gripe compostas por vírus mortos são geralmente bem toleradas, sendo o efeito colateral mais comum a dor e a inflamação no local da injeção. Nos estudos clínicos, os eventos adversos graves foram muito raros.

Outros efeitos adversos que podem ocorrer, mas são incomuns e geralmente de curta duração, incluem: dor de cabeça, febre, náuseas, tosse, irritação no olhos e dor muscular.

Existem casos descritos de desmaios entre adolescentes, mas estes parecem estar mais ligados ao medo de agulha do que à vacina em si.

 

 Fontes:

https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/vacina-da-gripe/

https://www.infectologia.org.br/admin/zcloud/125/2017/04/INFLUENZA-2-de-abril-de_2017-15.pdf

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